sábado, 8 de outubro de 2011

Meteorito de Bendegó

Bendegó

O Meteorito de Bendegó, o maior e o mais famoso dos meteoritos encontrados no Brasil, encontra-se, atualmente, em exposição no Museu Nacional do Rio de Janeiro. O referido meteorito foi encontrado em 1874 por Joaquim Bernardino da Mota Botelho, no interior do Estado da Bahia hoje município de Uauá. O ponto de queda está localizado a 37 quilômetros da cidade de Uauá e a 180 metros do riacho Bendegó, que daria nome ao meteorito. Tanto o riacho quanto o rio que ele deságua, o Vaza Barris, ficariam conhecidos no futuro. Menos pela queda do meteorito e mais pelos acontecimentos envolvendo Canudos, na resistência montada por Antônio Conselheiro e narrada por Euclides da Cunha no clássico "Os Sertões".


O Meteorito Bendegó possui forma irregular, com os seguintes valores aproximados: 2,15 metros de comprimento, 1,5 metro de largura e 58 centímetros de altura. Sua massa foi calculada em 5360 kg, constituída basicamente de ferro (92,70%) e níquel (6,52%), contendo ainda traços menores de outros elementos químicos. Essa composição permite classificá-lo no grupo dos "sideritos", i.e., meteoritos com aproximadamente 90% de ferro e níquel. Na língua dos índios quiriris da Bahia, o vocábulo "bendegó" significa vindo do céu.
Inúmeras contribuições científicas sobre meteoritos foram publicadas em livros e revistas especializadas. Em particular, selecionamos algumas destas que abordam, além das características gerais sobre os meteoritos, aspectos técnicos e históricos sobre o Meteorito de Bendegó.

"Os Meteoritos e a História do Bendegó", Wilton Pinto de Carvalho, 1995, ISBN: 900144
"A História do Bendegó, a pedra que caiu do céu", Scientific American Brasil, Ano 1, Número 3, Agosto de 2002
"Pedras que caem do céu", Astronomy Brasil, Vol.1, Número 4, Agosto de 2006
"Os Segredos dos Meteoritos", Ciência Hoje, SBPC, Vol. 40, Maio de 2007
No que segue, uma seqüência de fotos ilustrando o difícil trabalho de remoção do Bendegó através do sertão da Bahia.

De maneira resumida, em 1888, por ordem do imperador Pedro II, o Meteorito de Bendegó foi transportado para o Rio de Janeiro, ao final de uma verdadeira epopéia que envolveu de parelhas de bois, trilhos de trem na Serra de Acaru (ainda no início da viagem) e navios, intercalada ainda por um acidente em 1785 que atirou o meteorito no leito de um riacho (Bendegó), o qual ficou abandonado por quase 103 anos. Durante esse período, o meteorito praticamente não se alterou pela oxidação até a chegada da missão encarregada do transporte para o Rio de Janeiro. Especialistas, dividiram com trabalhadores, o esforço para retirá-lo do riacho, conduzindo-o até o litoral de Salvador. Desta cidade, o meteorito seguiu para Recife, a bordo do vapor "Arlindo" e, de lá, foi levado para o Rio de Janeiro, onde chegou em 15 de Junho de 1888, i.e., 104 anos após o achado. Durante muito tempo, o Bendegó foi o maior meteorito em exposição em todo o mundo.




O Marco Dom Pedro II - A comissão encarregada do transporte do meteorito para o Rio de Janeiro, construiu um marco de pedra, no exato ponto de sua queda, para registrar tão importante evento e inaugurar os trabalhos de sua remoção, no dia 7 de Setembro de 1887. Esse marco que se chamou D. Pedro II, tinha o formato de uma pirâmede e continha inscrições homenageando a Princesa D. Isabel, o Imperador D. Pedro II, o Ministro da Agricultura, Rodrigo Silva, o Visconde de Paranaguá e os membros da Comissão de Transporte do Bendegó.


Infelizmente, esse marco comemorativo não durou muito tempo. Poucos anos após a remoção do meteorito (1888), sobreveio uma grande seca naquela região e o povo sofrido e supersticioso entendeu que aquilo era castigo do céu por terem permitido a retirada da "pedra". Um mutirão foi organizado e o marco foi destruído. Os sertanejos, após demolirem a "torre", nome que deram ao marco D. Pedro II, escavaram sua base à procura de outra "pedra", segundo eles, "irmã daquela que os doutores levaram". Acharam uma caixa de ferro, colocada pelos engenheiros da comissão, na qual continha um exemplar do termo de inauguração do trabalho de remoção, e um exemplar do Boletim da Sociedade Brasileira de Geografia, que publicava um memorial sobre o meteorito.


A chegada do meteorito à estação ferroviária de Jacurici, após 126 dias de penosa marcha pela caatinga baiana, mereceu um outro marco comemorativo que se chamou Barão de Guahy, em uma justa homenagem ao homem que patrocinou a expedição. Esse marco assinala também o local do embraque do Bendegó, de trem, que após percorrer 363 km, chegou a Salvador em 22 de maio de 1888. Este foi pesado, verificando-se que o mesmo tinha, então, 5360kg. A comissão mandou lavrar um termo de sua inauguração, que foi colocado em suas fundações dentro de uma caixa de ferro.
O meteorito ficou em exposição em Salvador durante 5 dias, e em 1º de Junho embarcou no vapor “Arlindo”, seguindo para Recife e, posteriormente, para o Rio de Janeiro, onde chegou no dia 15, sendo recebido pela Princesa Isabel e entregue ao Arsenal de Marinha da Corte.


Nas oficinas do Arsenal de Marinha foram feitos os cortes indispensáveis para o estudo da “pedra”, bem como para a obtenção de materiais que foram doados e permutados com diversos museus do Brasil e do mundo. Confeccionou-se, também, uma réplica do meteorito em madeira, que o governo brasileiro fez figurar na Exposição Universal de 1889. Este modelo hoje se encontra no Museu de História Natural de Paris.
Concluído o trabalho, o meteorito foi transportado a 27 de Novembro de 1888 para o Museu Nacional, nessa época situado no Campo de Sant’Anna.

Como um último registro histórico, em sua passagem pelo Brasil nos anos 20, o físico alemão Albert Einstein visitou o Meteorito de Bendegó, ainda sobre o suporte original de cianita, no Museu Nacional do Rio de Janeiro.
Fonte de Pesquisa: Museu Antares de Ciência e Tecnologia da Universidade Estadual de Feira de Santana.


"Retrato de um fabricante de opinião"

O texto abaixo é parte da obra O século do vento, terceiro volume da belíssima trilogia Memória do fogo, do intelectual uruguaio Eduardo Galeano.

1941
Nova York

RETRATO DE UM FABRICANTE DE OPINIÃO

Os cinemas se negam a exibir Cidadão Kane. Só alguns cineminhas pulguentos se atrevem a semelhante desafio. Em Cidadão Kane, Orson Welles conta a história de um homem enfermo de febre de poder, e esse homem parece demais com William Handolph Hearst.
Hearst possui dezoito jornais, nove revistas, sete castelos e numerosas pessoas. Ele sabe como excitar a opinião pública. Em sua longa vida provocou guerras e bancarrotas, fez e desfez fortunas, criou ídolos, demoliu reputações. São invenções suas as campanhas escandalosas e as colunas de mexericos, boas para bater, como ele gosta, abaixo da linha da cintura.
O mais poderoso fabricante de opinião dos Estados Unidos acha que a raça branca é a única raça verdadeiramente humana. Crê na necessária vitória do mais forte e crê que os comunistas têm a culpa de que os jovens bebam álcool. Também está convencido de que os japoneses são traidores natos.
Os jornais de Hearst estão há mais de meio século alertando contra o Perigo Amarelo, quando o Japão bombardeia a base norte-americana de Pearl Harbor. Os Estados Unidos entram na Segunda Guerra Mundial.

(Eduardo Galeano. Memória do fogo (Vol. 3 - O século do vento). Porto Alegre, L&PM, 2010, p. 175)

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E, então, que tal procurar saber mais sobre quem foi William Handolph Hearst? Garanto-lhe que à medida em que for encontrando informações conhecerá, para além da biografia do sujeito, um pouco mais da história do capitalismo (e especialmente da chamada indústria cultural) no século XX.
Vale a pena também examinar as outras questões que aparecem no texto, como o racismo, a xenofobia (principalmente aquela que atingia os japoneses, numerosos nos EUA), a ascensão da "juventude transviada", o anticomunismo e, principalmente, se (e como) a Guerra afetou isso tudo.
Desde que realizado em equipe (com o mínimo de 4 integrantes), o trabalho será avaliado e pontuado como atividade extra.

domingo, 17 de janeiro de 2010

Piso de professor no país será de R$ 1.024,67

O piso salarial dos professores da rede pública do País aumentará de R$ 950 para R$ 1.024,67 em 2010.
O reajuste, anunciado ontem (30) pelo Ministério da Educação (MEC), será de 7,86%. O valor é R$ 255,05 a mais do que o salário médio do brasileiro no mês de outubro.
A lei do piso foi aprovada em 2008 e a categoria é a única no País a ter um salário mínimo próprio. Em 2009, segundo uma regra de transição, os municípios podiam pagar até dois terços do mínimo fixado. Quando a lei foi aprovada, cerca de 37% dos professores do País recebiam menos do que o piso.
Com informações do Estadão
Publicado por Carlos Britto às 13:59